O estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) Legado dos Jogos Olímpicos Rio 2016: Impactos Econômicos, divulgado nesta terça-feira (23/7), revelou que os projetos viabilizados pelo contexto dos Jogos foram expressivos indutores de atividade econômica e geraram impacto sobre o município do Rio de Janeiro, até hoje, de R$ 99 bilhões sobre o Valor Bruto da Produção (VBP). Foram R$ 51,2 bilhões sobre o PIB; R$ 5,3 bilhões em arrecadação de impostos; R$ 36,2 bilhões de impacto sobre a renda das famílias. Mais de 465,4 mil empregos foram criados.
Do total dos impactos econômicos, a major parte foi proporcionada durante o período olímpico: R$ 88 bilhões sobre o VBP; R$ 45,5 bilhões sobre o PIB; R$ 4,7 bilhões sobre a arrecadação de impostos; R$ 32,2 bilhões sobre a renda das famílias; e cerca de 414 mil empregos gerados. Os demais impactos econômicos foram gerados com os projetos em andamento ou em expansão depois dos Jogos: R$ 11 bilhões sobre o VBP; R$ 5,7 bilhões sobre o PIB; R$ 590 milhões em arrecadação de impostos; 51,4 mil novos empregos.
O trabalho concluiu que “os projetos públicos e privados implicaram efeitos econômicos que vão além de seus objetivos iniciais”, atingindo regiões, setores e agentes que, à primeira vista, não seriam alvo das políticas e investimentos previstos. Observou-se que a execução das iniciativas gerou uma série de benefícios socioeconômicos para a população, tanto por meio do fornecimento dos serviços públicos quanto pela criação de novos empregos, bem como a elevação da renda das famílias. Tudo isso se traduziu em um aumento do potencial de consumo e bem-estar dos cariocas.
Passados oito anos do evento, pode-se afirmar que a prefeitura do Rio entregou um dos Jogos Olímpicos mais eficientes da história em termos do uso racional do dinheiro público.
Do ponto de vista das empresas, segundo o levantamento, o cenário também foi bastante positivo, uma vez que houve uma elevação significativa da demanda por bens e serviços diversos, o que beneficiou a atividade econômica local como um todo. Vale destacar que a maior parte dos recursos mobilizados veio da iniciativa privada, sobretudo de Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões.
A pesquisa revelou também que os impactos não ficaram restritos ao município do Rio de Janeiro. Os projetos beneficiaram significativamente toda a população fluminense. Observando-se todo o Estado do Rio de Janeiro, incluindo a capital, o impacto econômico total foi de R$ 134,7 bilhões em Valor Bruto da Produção; R$ 69,6 bilhões sobre o PIB; R$ 7,25 bilhões em impostos; R$ 49,2 bilhões sobre a renda das famílias; e mais de 633,2 mil de empregos.
O estudo é o primeiro a quantificar os impactos econômicos dos Jogos em uma perspectiva mais ampla. Incluiu tanto os empreendimentos estritamente ligados ao evento, quanto aqueles viabilizados por seu contexto. Desta forma, considerou dois grupos de investimentos: legados finalizados para os Jogos 2016 e legado em andamento ou expansão, especialmente em infraestrutura urbana, mesmo que implementados depois do evento. Este último grupo também abrange projetos que foram concebidos no contexto das Olimpíadas, mas interrompidos temporariamente, em função de aspectos conjunturais e, posteriormente, retomados. As análises consideraram os efeitos dos investimentos públicos e privados, incluindo os resultados de sua contínua operação.
Legado finalizado x legado em andamento ou expansão
Os Jogos Olímpicos deixaram um legado na infraestrutura, nos serviços, nos transportes, no meio ambiente, na educação e nos esportes para a cidade. O estudo levou em consideração projetos concluídos até 2016 e outros que foram ampliados e/ou retomados depois das Olimpíadas.
Dentro do primeiro grupo, estão, por exemplo, a primeira fase das obras do Porto Maravilha, como a derrubada da Perimetral, a criação de novos túneis na região, a criação do Boulevard Olímpico e a construção do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã, além de projetos de mobilidade, como os BRTs Transoeste, Transcarioca e Transolímpica, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e a linha 4 do Metrô. Já no segundo grupo está, por exemplo, o reaproveitamento de instalações olímpicas. É o caso da Arena do Futuro, que foi convertida em quatro escolas; da Arena 3, transformada no Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado; e da transformação da Via Olímpica no Parque Rita Lee.
Sobre a realização do estudo: Liderado pelos economistas Daniel da Mata e Joelson Oliveira Sampaio, da Escola de Economia de São Paulo da FGV, e por Bruno Rodas Borges Gomes de Oliveira, da FGV Conhecimento, o trabalho conta com análises temáticas realizadas por especialistas, alguns deles que tiveram atuação estratégica no período de planejamento e gestão dos Jogos. É o caso de Maria Silvia Bastos Marques, então presidente da Empresa Olímpica; do general do Exército Fernando Azevedo e Silva, presidente da Autoridade Pública Olímpica à época; e de Rafael Lisbôa Salgado Pinha, responsável pela estratégia de comunicação da cidade para os grandes eventos internacionais no período, como Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Também colaboram na publicação Ilan Cuperstein, Diretor Regional para a América Latina do C40 Cities, e as pesquisadoras Alessandra Baiocchi e Leila Toledo Martinho.