A Prefeitura do Rio entregou, nesta quarta-feira (30/10), a obra de revitalização do Museu de Arte Moderna (MAM Rio) e seus jardins no Parque do Flamengo. Na cerimônia, que contou com a presença da primeira-dama Janja Lula da Silva e do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o prefeito Eduardo Paes fez a entrega simbólica da “chave” do museu, que receberá a Cúpula do G20 – o grupo das maiores economias do mundo –, nos dias 18 e 19 de novembro. A partir desta quarta, o Governo Federal assume a gestão do espaço até o fim da conferência.
– O que nós estamos fazendo, hoje, é a entrega oficial dessa obra que a Prefeitura executou ao longo deste ano para recuperar esse espaço tão importante e icônico na cidade, para esse encontro que é o mais importante da geopolítica mundial. Temos muita honra de receber no Rio o G20, todos os chefes de estado que estarão aqui para um processo de tomada de decisão, num momento tão complexo que o mundo passa. Sob o ponto de vista da cidade, ajuda a reforçar a imagem do Rio como um lugar que as pessoas desejam estar e uma cidade que inspira os chefes de estado na tomada de decisões – afirmou Eduardo Paes.
A escolha do MAM para o encontro possibilitou à Prefeitura do Rio realizar a maior revitalização da região do Parque do Flamengo nos últimos 25 anos, abrangendo mais de 100 mil m². Com um investimento de R$ 32 milhões, as obras conduzidas pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) contaram com reformas nas áreas internas do museu e a revitalização do entorno, incluindo a recomposição do paisagismo de Burle Marx.
O projeto contemplou a modernização do Bloco de Exposições, a renovação do Bloco Escola, a instalação de nova iluminação nas áreas externas, a criação de um passeio público e a valorização dos Jardins do MAM. A entrega desta quarta-feira marca a finalização das obras. Após o G20, o MAM reabrirá ao público, com novos espaços de lazer, educação e arte, além de uma programação renovada.
– Fizemos a recuperação desse ícone da arquitetura brasileira, desse importante equipamento cultural. A recuperação do entorno, de todo esse paisagismo, feito pelo mestre Burle Marx. Ano que vem, o Parque do Flamengo completa 60 anos, e nossa ideia é concluir o que falta. Terminado o G20 vamos avançar na recuperação desse espaço – disse Paes.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, agradeceu ao prefeito pela finalização da obra, que permitirá a realização da reunião do G20.
– Desde o início o prefeito manifestou o desejo de fazer do Rio a capital do G20. As reuniões mais importantes foram aqui, e é importante ter a reunião do G20 no Rio de Janeiro, porque o G20 é uma plataforma de articulação global. As grandes decisões geopolíticas são tomadas nas reuniões do G20. E ter no Rio de Janeiro, que é o cartão postal do Brasil, acho muito importante e sempre tive esse desejo. E esse esforço de recuperar esse prédio, um ícone do Rio e da cultura brasileira, tem tudo a ver com o que representa o G20 no Brasil. É um marco de uma mudança como foi a construção do Aterro do Flamengo e do próprio museu, na década de 50.
Reformas estruturais: legado cultural
Uma série de reformas foi implementada no MAM. No Bloco de Exposições, que receberá as principais reuniões do G20, as melhorias incluem a modernização dos elevadores, do sistema hidráulico e restauração das fachadas do edifício, um ícone da arquitetura moderna, inaugurado em 1958. O sistema elétrico interno foi modernizado e 86 projetores em LED foram instalados, valorizando ainda mais a fachada do edifício.
Outro espaço que passou por transformações foi o Bloco Escola, que, desde sua inauguração, foi concebido como um centro de educação e pesquisa em arte. Após anos em desuso, esse espaço, que já formou grandes artistas brasileiros, recebeu uma reforma completa, incluindo recuperação dos azulejos, reparo dos vitrais, reconfiguração do sistema elétrico, além de limpeza e pintura das paredes. A reabertura do Bloco Escola, prevista para janeiro de 2025, impulsionará o programa de educação e formação em arte do Museu.
A Cinemateca do MAM também foi modernizada e retornará às atividades plenas em janeiro, agora equipada com um novo projetor e sistema de som e telas, reforçando o papel do museu como um centro de patrimônio cultural e valorizando seu acervo de mais de 16 mil obras.
Revitalização do entorno: legado urbano
Como parte do legado do G20, a intervenção na área ao redor do MAM também revitalizou o Parque do Flamengo. O fechamento da Rua Jardel Jércolis, em frente à entrada do museu, transformou a via em um boulevard exclusivo para pedestres e ciclistas, conectando o Aeroporto Santos Dumont, o Aterro do Flamengo, o MAM e o Vivo Rio, integrando o museu à cidade.
Por meio da Rioluz, foram instaladas 98 luminárias LED em 49 postes de fibra ao longo do novo trajeto, garantindo um ambiente iluminado e seguro. A iluminação existente em áreas adjacentes ao MAM, do Aeroporto Santos Dumont até o Monumento dos Pracinhas, também foi reforçada com a instalação de 183 novas luminárias LED e 72 projetores de 600W.
A Secretaria de Conservação também apoiou as obras, realizando a recuperação do mobiliário urbano externo e das calçadas de pedras portuguesas que fazem parte do projeto original do museu. Novas sinalizações e câmeras do Centro de Operações do Rio (COR) foram instaladas, melhorando a segurança e a orientação dos visitantes.
Recomposição Paisagística dos Jardins: Legado Verde
A recomposição integral do paisagismo ao redor do museu restaurou os jardins de acordo com o projeto original de Roberto Burle Marx. O escritório que perpetua o legado do artista supervisionou as intervenções, auxiliando na identificação e recuperação dos elementos originais. Um mapeamento das espécies vegetais, junto com uma análise técnica, orientou a replantação e a poda das plantas, priorizando a preservação do projeto original da década de 1950.
O Jardim de Ondas, também conhecido como Jardim Copacabana, foi reestruturado para restabelecer seu icônico formato de ondas. A recuperação dos drenos foi realizada para evitar o acúmulo de água. Além disso, o núcleo de árvores Pau Mulato, que compõe o jardim, recebeu poda, adubação e novas mudas.
Nos jardins aquáticos, foram realizadas melhorias, incluindo impermeabilização do lago, recuperação dos chafarizes e troca de substratos. As plantas originais existentes foram enviveiradas e tratadas, e espécies de vitória régia foram doadas pelo Sítio Burle Marx e pela empresa Isis Raízes, enriquecendo a composição do lago.
O Jardim do Terraço teve suas jardineiras impermeabilizadas e plantadas com cerca de 90% das espécies originais. No Jardim dos Seixos, o plantio foi completado, incluindo novas espécies como a pata de elefante. Além disso, o Jardim de Pedras, situado no térreo, e o Jardim Suspenso, no mezanino do MAM, também foram restaurados à sua forma original.
Essas intervenções visam a valorizar o paisagismo, incentivando a apropriação dos jardins pela população e visitantes, reconhecendo a importância histórica. Esta é a maior obra realizada na região desde a inauguração do Parque do Flamengo, há quase 60 anos. Após a Cúpula do G20, o museu e suas áreas externas, completamente revitalizadas, estarão à disposição dos cariocas e visitantes, como um legado duradouro do evento para o Rio de Janeiro. A reabertura completa do museu está prevista para janeiro de 2025, acompanhada de uma nova programação gratuita que incluirá exposições, atividades educativas, oficinas e eventos nos Jardins do MAM.