O Governo Federal assinou, na quinta-feira (10/8), a portaria em prol do aumento do número de voos no Aeroporto Internacional do Galeão. A medida vai ao encontro com a solicitação da Prefeitura do Rio, do Governo do Estado e também da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que administra o terminal. Durante o evento no Porto Maravalley, a União e o Município também firmaram as parcerias para a primeira Faculdade de Matemática do IMPA no país, o IMPA Tech, e o acordo de cooperação para expansão do Porto Maravilha.
– Quando veio a proposta para fazer deste lugar uma faculdade de matemática, eu não vacilei porque eu acho que esse país não pode continuar permitindo que seus gênios optem por trabalhar lá fora quando podemos trabalha-los aqui dentro do nosso país. A questão do aeroporto não era precisa ser engenheiro ou gestor para saber que não tinha sentido o Aeroporto do Galeão ficar paralisado porque as pessoas, por comodidade, preferem sair do Santos Dumont. O Galeão foi construído para ser o aeroporto internacional, a entrada de qualquer estrangeiro que quisesse vir para o Brasil – afirmou o presidente Lula.
Ato de cooperação dos aeroportos
A portaria deve ser adotada em caráter de urgência, a partir do dia 2 de janeiro de 2024, para permitir a adequação das malhas das empresas aéreas, minimizando, assim, o impacto sobre os passageiros. Ela determina a redução de voos no Aeroporto Santos Dumont. De acordo com a resolução, as operações no Santos Dumont devem ser planejadas observando a distância máxima de 400 quilômetros de seu destino ou origem, em aeroportos de voos domésticos.
Segundo a Infraero, serão implantadas áreas de escape na pista do aeroporto, visando a segurança operacional dos voos, levando em conta que o Santos Dumont é limitado, geograficamente, pela Baía de Guanabara.
– Durante quatro anos, no governo anterior, tentou-se acabar com o processo de esvaziamento do Galeão. Eu também prefiro viajar no Santos Dumont, com aquela vista linda, um charme. Mas uma cidade como o Rio, sem um aeroporto internacional, é uma cidade fadada a se transformar num balneário charmoso. O voo internacional só vai onde tem voo doméstico, porque assim pode se deslocar pelo país. A briga não é contra o Santos Dumont em favor do Galeão, é uma questão de equilibrar o jogo que só fez mal ao Rio de Janeiro – disse o prefeito Eduardo Paes.
A proposta levada pelo Rio tomou como base estudos feitos pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação e Simplificação (SMDEIS) desde 2021, apontando que somente com a coordenação entre os aeroportos, como é feito em outras grandes e importantes cidades do mundo, seria possível reverter a perda de passageiros do Galeão. Para se ter uma ideia, a pesquisa apontou que, entre 2019 e 2022, o Aeroporto Internacional Tom Jobim registrou uma queda de 58% do fluxo de passageiros, ficando em 10º lugar no ranking de movimento de passageiros, em 2022, no país.
– Encontramos um formato jurídico para dar lastro a essa decisão para que a gente volte a ter no Galeão muitos voos, muitos passageiros, e para que o Galeão volte a ser o maior aeroporto do Brasil – declarou o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.
Ganhos para a economia fluminense
Estimativas da SMDEIS apontam que a mudança pode gerar, ao longo de 10 anos, R$ 50,6 bilhões para a economia do Estado e mais de 680 mil empregos.
A coordenação entre os aeroportos, que começa em outubro deste ano, vai transferir voos regionais para o Galeão, o que aumenta a atratividade econômica para que companhias aéreas ampliem o número de voos internacionais, devolvendo ao Galeão o seu papel de hub de conexões.
IMPA Tech no Porto Maravalley
A região do Porto Maravilha vai receber a primeira graduação do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), o IMPA Tech. A estrutura está sendo construída pela Prefeitura do Rio em um galpão de 10 mil m² e ficará pronta ainda neste semestre. O espaço vai abrigar um hub de tecnologia, para startups e grandes empresas do setor, além do IMPA Tech. O Governo Federal, por meio dos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, ficará responsável pelo custeio da faculdade, começando com 100 alunos no primeiro ano e investimentos de R$ 16,7 milhões, e ao fim de quatro anos com 400 estudantes, ao custo de R$ 55,9 milhões.
– Quando a gente fala da Olimpíada da Matemática, da Faculdade da Matemática, estamos falando que as 400 mentes mais brilhantes deste país vão vir para cá, estudar e morar aqui, e vão ajudar a construir um Brasil melhor, que acredita no seu potencial e na sua capacidade – disse Eduardo Paes, que homenageou os alunos vencedores da Olimpíada da Matemática presentes ao evento, destacando três medalhistas, além de citar o secretário de Educação, Renan Ferreirinha, e a deputada federal Tabata Amaral, que já participaram da Olimpíada e foram vencedores.
Com previsão para abrir em 2024, o IMPA Tech vai usar o desempenho dos estudantes em olimpíadas do conhecimento, como a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), no processo seletivo. O curso terá ênfase em matemática, ciência da computação, ciência de dados e física.
– Meu pai era filho de operário metalúrgico, era da periferia de Recife, era um negão pobre, ia para a escola pública de tamanco e se destacava em matemática. Ele traçou uma perspectiva diferenciada, virou engenheiro, virou professor de matemática. Por isso acredito que a iniciativa vai transformar vidas. Esse parque tecnológico vai mudar e dar outro salto de qualidade para a perspectiva econômica e social do Rio de Janeiro – afirmou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos.
O IMPA é um reconhecido centro de pesquisa matemática internacional. Oferece cursos de doutorado, mestrado e mestrado profissionalizante. Promove formação continuada para professores de matemática e organiza a OBMEP e o Festival Nacional da Matemática.
– Educação é o grande caminho para se construir o caminho da liberdade e das oportunidades nesse país. O presidente Lula foi o criador das Olimpíadas Brasileiras de Matemática. A partir do próximo ano teremos a Faculdade de Matemática aqui no Rio e ela será referência para o Brasil – declarou o ministro da Educação, Camilo Santana.
Expansão do Porto Maravilha
A Prefeitura do Rio firmou acordo com a Caixa Econômica Federal para expandir as Operações Urbanas Consorciadas (OUC) do Porto Maravilha até São Cristóvão, ampliando a área de 5 milhões m² para 8,7 milhões m² e aumentando o prazo para 2064. O objetivo é dar mais liquidez para os Certificados de Potencial Adicional de Construção (CEPAC) e, desta forma, estimular o potencial construtivo da Zona Portuária e do bairro de São Cristovão, na Zona Norte. A Prefeitura, que desde 2018 já executava a manutenção da região, passa a ser a responsável contratual pela execução dos serviços.
– O Porto Maravilha não é só um projeto de construção de túnel ou de ruas bonitas e um museu lindo como o Museu do Amanhã. Mas é um espaço em se recobriu a história da diáspora negra no Brasil, aqui chegavam os escravos. Descobrimos nas obras o Cais do Valongo. Isso aqui é uma visão de cidade. As cidades brasileiras se expandiram e fomos esquecendo os centros. O que começamos a fazer aqui foi trazer de volta para o Centro as pessoas para morarem, resgatando a nossa história e permitindo o desenvolvimento – disse Eduardo Paes.
A expansão da Área de Especial Interesse Urbanístico (AEIU) para São Cristóvão possibilitará a utilização dos CEPACs em terrenos do bairro. A Caixa Econômica Federal dará liquidez financeira para os CEPACs. O acordo faz parte da estratégia da prefeitura de apontar o desenvolvimento para essa região com a construção do Terminal Intermodal Gentileza (TIG) em terreno do antigo Gasômetro.
– A pacificação desse acordo vai revitalizar essa área, vai trazer o bem para o turismo, para a área da cultura, para a área imobiliária, e com certeza vai gerar empregos. E uma região urbana revitalizada é região com menos violência, é mais alegre, uma região com mais possibilidades para as crianças, os jovens – avaliou a presidente da Caixa, Maria Rita Serrano.
Revitalização da Zona Portuária
Depois de quase 15 anos do início da Operação Urbana Consorciada (OUC) Porto Maravilha, a região portuária do Rio de Janeiro foi totalmente revitalizada. O momento político favorável da época – com alinhamento entre os governos Lula e Eduardo Paes – possibilitou um grande volume de investimentos em curto prazo que, em valores atuais, ultrapassam os R$ 10 bilhões.
A engenharia financeira montada para a operação e a cooperação União x Município foi essencial para o sucesso alcançado hoje no Porto: a Prefeitura emitiu os Certificados de Potencial Adicional Construtivo, e a Caixa arrematou 100% dos certificados em leilão de lote único.
De lá para cá, grandes intervenções moldaram um novo cenário e o futuro do Rio de Janeiro: derrubada do elevado da Perimetral; construção de 8.232 m de túneis; implantação do Veículo Leve sobre Trilhos no Porto e no Centro; construção dos museus do Amanhã e de Arte do Rio; e a consolidação da Orla Conde como novo ponto turístico da cidade.
Sucesso do Porto
Desde o início da nova gestão de Eduardo Paes, em 2021, foram nove novos empreendimentos residenciais lançados na área que já somam 6,5 mil unidades habitacionais. Serão mais de 18 mil novos moradores na área nos próximos quatro anos. Isso representa um acréscimo populacional aos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo de 60%, por enquanto.
Em março deste ano a Prefeitura comprou, por R$ 28,9 milhões, o edifício A Noite, um dos prédios mais icônicos do Rio de Janeiro, fechado por mais de 10 anos, na Praça Mauá. Depois de abrir concorrência, a Prefeitura vendeu, o imóvel por R$ 36 milhões. A partir do segundo semestre de 2024, será totalmente reformado e terá 447 unidades residenciais e três lojas no térreo. O primeiro arranha-céu construído na América Latina, em 1929, é tombado pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O edifício A Noite foi comprado pelo grupo QOPP Incorporadora, que ofereceu mais 50% do potencial adicional gerado pelas regras do Reviver Centro e deve gerar mais R$ 24 milhões para os caixas da Prefeitura.